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Terror Noturno, Paralisia do sono e Sonambulismo


Para falar um pouco sobre esses fenômenos tão curiosos, primeiro precisarei explicar um pouco sobre a fisiologia do sono.


O nosso sono é dividido em sono não-REM (N1, N2 e N3,) e sono REM. N3 representa o sono profundo, apresenta ondas mais lentas. Já o sono REM, ou dessincronizado, demonstra ondas de baixa amplitude e alta frequência, associado a movimentação dos olhos e atonia muscular, surgindo, principalmente, na segunda metade da noite. Tais etapas somadas representam um ciclo, que normalmente dura entre 70 e 110 minutos, repetindo-se, ao longo da noite, por quatro a seis vezes. É na fase REM que sonhamos, ela marcada por alta atividade cerebral, e a atonia muscular serve para não nos movermos enquanto sonhamos.


Tanto o Sonambulismo quanto o Terror noturno são parassonias do sono Não-REM. Também são conhecidos como distúrbios do despertar e ocorrem nos primeiros 1/3 da noite. O Terror noturno ocorre após um despertar repentino de um sono de ondas lentas, A crise geralmente se inicia com o indivíduo se sentando no leito, em seguida ele grita e/ou chora, ocorrem sinais autonômicos (taquicardia, taquipneia, aumento do tônus muscular e diaforese), fácies aterrorizada, com medo. Tentativa de fuga também pode advir, com risco de ferimentos. Geralmente a pessoa não se lembra do ocorrido. É mais comum na infância, mas pode ocorrer em adultos.


O Sonambulismo é um despertar parcial, também na fase profunda do sono (o corpo acorda mas o cérebro continua dormindo), com comportamentos automáticos, como sentar na cama ou caminhar, geralmente dura poucos minutos e também a pessoa não tem memória. Caso seja acordada durante o episódio, costuma apresentar confusão mental a sensação de que estava sonhando. Sim, o sonâmbulo não irá morrer se for acordado! A Paralisia do Sono é o oposto (o corpo continua dormindo mas o cérebro acorda). geralmente ocorre na transição entre sono-vigília, dura menos que 1 minuto e podem ocorrer alucinações ou a sensação de ''estar fora do corpo''. Muito angustiante, não?


No Pesadelo, o conteúdo habitualmente envolve tentativas de evitar ou enfrentar um perigo iminente, e é acompanhado de medo, terror e/ ou ansiedade, ao acordar, o estado emocional disfórico persiste e pode contribuir para a dificuldade em voltar a dormir. Ocorre em todas as idades, mas é interessante o aumento dos relatos em pacientes que usam drogas anticolinérgicas, betabloqueadoras, antiparkinsonianas e na retirada de drogas supressoras do sono REM (tricíclicos, IMAO, lítio, anfetaminas, metilfenidato). O uso dos antidepressivos, principalmente da classe dos IRSS, pode aumentar a frequencia dos sonhos ou provocar sonhos mais vívidos. Tal efeito pode ser manejado pela troca do horario da medicação, mas eventualmente é necessario até sua troca, tamanho o incômodo para o paciente.


O que define seu conteúdo ainda é um mistério e isso é um tema abordado por culturas, religiões e psicanalistas. Impossível explicar tudo em um post. Freud teorizou que estes sonhos angustiantes derivavam da pressão exercida por desejos infantis reprimidos não censurados e que entram no pré-consciente de forma tão perturbadora que acabam por acordar a pessoa, protegendo o indivíduo de uma ameaça que coloca em perigo o seu self. Para Gieselmann, a etiologia dessa perturbação é influenciada por um aumento hiperexcitatório acumulado no dia, um prejuízo na extinção do medo, relacionado com a regulação emocional. Apresentam como fatores facilitadores deste fenômeno: experiências de trauma e adversidade na infância, fatores cognitivos mal adaptativos, e fatores fisiológicos, como fragmentação severa do sono na apneia obstrutiva e central do sono.

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