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Medicações psiquiátricas na gravidez

Eventualmente, quando alguma mulher engravida mas está atualmente em uso de medicações psicotrópicas (como os antidepressivos, estabilizadores de humor, ansiolíticos e antipsicóticos), temos que decidir sobre como prosseguir o tratamento.



Naturalmente surgem diversas dúvidas nesse momento:


- Esse remédio aumenta o risco de mal-formações?

- A criança terá algum transtorno mental?

- O recém nascido será dependente da medicação?

- Posso usar durante a amamentação?


Então vamos comentar um pouco sobre as particularidades desse período para tentar resolver algumas dessas questões.


Primeiramente saibam que, no geral, existe uma carência de informações a respeito de medicações psicotrópicas no período perinatal. Além disso, raramente teremos uma medicação totalmente contraindicada ou 100% segura, ou seja, sempre levaremos em conta o risco-benefício de cada tratamento. A gestante e a família deve participar ativamente dessa decisão, e cabe ao médico explicar os potenciais riscos do tratamento, mas também explicar os riscos de não tratar a doença!


Como assim riscos de não tratar?


Exatamente! esse é um período naturalmente de maior risco para as doenças mentais, como depressão, ansiedade e psicoses. muitas pessoas que suspendem o tratamento apresentarão recaídas do quadro psiquiátrico.


Ah! mas entre eu e meu filho, eu prefiro ''me sacrificar'' para poupa-lo!


Esse é um pensamento comum entre as mães, mas vocês precisam considerar os riscos disso, por exemplo: depressão pós-parto está associado à maior risco de abandono ou pior cuidado do recém-nascido, gestantes depressivas procuram menos a medicina para avaliação de outras doenças, que também podem prejudicar o feto, a família toda é afetada, e uma consequente depressão paterna também prejudica o filho.


Os riscos não param por aí, gestantes deprimidas possuem maior risco de parto prematuro e feto com baixo-peso ao nascer. Gestantes com TDAH não-tratado podem tomar decisões impulsivas e perigosas, incluindo abortamento. transtornos alimentares, como anorexia, também afetam muito a saúde do feto.


Tá! então como podemos decidir quando vale a pena continuar o remédio?

bom, existem diversas variáveis a serem consideradas:


- qual a gravidade do transtorno?

 - demorou recair após uma interrupção anterior?

- o risco de suicídio é elevado?

- teve crise psicótica recente?

- o quadro está totalmente remitido?

- como foi em gestações anteriores?

- em caso de gravidez planejada, esse é o melhor momento para engravidar?



Além disso, existem algumas orientações gerais apresentadas pelos consensos mais respeitados:   


- Eventualmente, manter a medicação que a paciente mostrou uma boa resposta pode ser preferível do que trocar por uma medicação com eficácia desconhecida, só por supostamente ser mais segura. Principalmente casos graves, com várias falhas terapêuticas antes de acertar a medicação atual.


- Alguns pacientes utilizam várias medicações, então devemos fazer um esforço de filtrar a indicação de cada uma e tentar manter somente o essencial.


- Interromper abruptamente a medicação ao descobrir a gravidez não é uma boa decisão. isso não remove os riscos de malformações e aumenta o risco de sintomas de retirada. o médico pode te ajudar a fazer um desmame gradual. 


- Ao decidir sobre uma interrupção temporária, no período do parto, considerar os planos da paciente sobre a amamentação.


- Devemos Tomar cuidado com medicações sedativas, especialmente no período pós-natal, pois a sedação excessiva pode dificultar cuidados com o bebê e manter a amamentação. é essencial que a mãe esteja atenta, cuidando bem e transferindo afeto ao recém-nascido.


- O aconselhamento pré-concepcional é essencial, principalmente se usar medicações com riscos precoces na gestação, como os anticonvulsivantes/estabilizadores de humor. é preciso tomar cuidado com algumas medicações em mulheres em idade fértil. e podemos planejar uma troca antes, se a mesma desejar engravidar.


- Em casos leves a moderados de depressão/ansiedade, manter o tratamento apenas com psicoterapia, ou usar técnicas de neuromodulação, como eletroconvulsoterapia ou estimulação magnética transcraniana, podem ser alternativas interessantes. caso decida parar as medicações, o acompanhamento com o psiquiatra deve continuar, devemos monitorizar recidivas de sintomas.


todas as decisões sobre seu tratamento devem ser discutidas com seu médico, em consulta.

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